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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Era difícil e ficou trivial (parte 2): scanner no Linux

Há mais de 10 anos uso scanner no desktop Linux, e no começo o procedimento para fazer funcionar meus scanners era mais do que difícil: era tão arcano que chegava a lembrar a terceira Lei de Clarke – mas não pelo avanço, e sim pela complexidade, que só faltava exigir rituais com velas coloridas e sacrifício de mídias virgens.


Um velho scanner via porta paralela

Atribuo parte da culpa aos mecanismos de hardware envolvidos. Não havia se popularizado ainda a maravilha (comparativamente falando) que é o USB, e os scanners usavam variados protocolos, alguns deles transmitidos pela (hoje cada vez mais rara) porta paralela, outros (caros e fora do meu alcance) adotavam placas SCSI próprias, e outros inventavam formas alternativas.


Um “switch LPT” – concentrador com seleção manual para até 4 periféricos via porta paralela

Sobre o acesso via porta paralela, vale lembrar para os nostálgicos: há quanto tempo vocês não vêem um concentrador de porta paralela? Este aparelhinho, comum na época, era o que permitia que o PC de mesa comum estivesse conectado fisicamente ao scanner e à impressora ao mesmo tempo, já que era raro haver mais de uma porta paralela nos micros. E para escolher qual usar, o operador precisava girar ou apertar um botão no próprio aparelhinho concentrador – esquecer de fazê-lo era problema na certa, conduzindo scanners e impressoras a situações de loucura, que às vezes exigiam que eles fossem resetados da forma mais violenta: tirando da tomada.


Cabo da porta paralela, com um conector DB25 (pro PC) e um padrão Centronics (pro periférico)

O Linux no desktop estava num ponto bem diferente do de hoje, e mesmo no caso dos scanners com suporte, era necessário procurar o driver, muitas vezes tive que providenciar a compilação de programas para ativar este suporte, e mesmo assim às vezes era difícil colocar o scanner em operação: PC e periférico não conseguiam se encontrar via porta paralela, e isso só se resolvia após desligar ambos e começar tudo de novo. E quando funcionava, a velocidade de transferência dos dados era bem mais baixa que a de hoje. Uma tortura, mas vale lembrar que a operação via porta paralela não era muito robusta em outros sistemas operacionais também.

Entra em cena o USB

Quando entrou em cena a popularidade do USB, tudo mudou: os scanners passaram a usar este tipo de conexão, mas eu ainda errei uma vez na escolha: comprei um aparelho econômico, que exigia que o seu driver (só fornecido oficialmente para Windows) transmitisse para o aparelho, antes do início da operação, um arquivo contendo o firmware – o equivalente ao sistema do BIOS do próprio scanner, sem o qual ele não funcionava.

Até havia driver para Linux disponível, feito por terceiros, mas ele não podia distribuir junto este arquivo do firmware, então tinha instruções para obtê-lo no CD ou no arquivo de instalação dado pelo fabricante, e isto se complicava mais porque o driver do fabricante era para múltiplos modelos, tinha vááários firmwares inclusos, e eles não eram identificados por nome do modelo – para encontrar o certo, era por tentativa e erro. Para completar, como o driver livre também era para múltiplos modelos, a comunicação via USB exigia a descoberta de alguns parâmetros, que deviam ser preenchidos em um arquivo de configuração. A cada reinstalação ou atualização completa do sistema operacional, eu repetia estes passos, que cheguei a documentar para parar de me incomodar.

A minha solução definitiva: adeus configuração prévia

Mas o tempo passa e aprendemos com nossos erros, e eu já encontrei minha política de compra de scanners: além de pesquisar antes o status da compatibilidade com o Linux, agora só compro aparelhos integrados (multifuncionais) que também funcionem como copiadora – além da funcionalidade a mais que me dão, isso os obriga a ter o firmware pré-gravado, pois eles precisam poder funcionar mesmo quando não estão conectados ao PC.


Gimp com as janelas abertas para scannear a revista que estava aqui na minha mesa – ter um desktop largo, dividido em 2 monitores, ajuda a diminuir a pressa pela prometida nova interface de “janela única” do Gimp ;-)

Há uns 2 anos tenho em minha mesa de trabalho uma multifuncional HP Photosmart C3180, e usar o seu scanner no Linux é apenas uma questão de abrir o aplicativo que uso para scannear (no meu caso o Gimp), selecionar a opção correta no menu (no meu caso, a pouco intuitiva Arquivo | Criar | Xsane), e aí interagir diretamente com o aplicativo, gerando pré-imagens, alterando os parâmetros nas guias visuais, e scanneando.


HP Photosmart C3180

Tenho instalado multifuncionais em outros ambientes (escolhidos após consulta à tabela de compatibilidade, e a experiência tem sido a mesma: o uso do scanner não precisa mais de configuração prévia, é só abrir o aplicativo e começar a digitalizar imagens. Mas certamente ainda existem outros modelos de scanner, mesmo em multifuncionais, que não são compatíveis com o desktop Linux, portanto vale a pena escolher bem.

Sobre o hardware que eu adoto, vale mencionar: gosto tanto do HP Photosmart C3180 que, mesmo dispondo de outro modelo mais recente no armário do laboratório, venho adiando a troca do que está na minha mesa de trabalho já há alguns meses. É um aparelho robusto, tem desempenho adequado à minha demanda, a qualidade é mais do que suficiente, e as imagens digitalizadas chegam a me surpreender pelo seu grau de fidelidade. Recomendo, e até já escrevi um artigo sobre ele, no Efetividade.net.

Leia também: Era difícil e ficou trivial (parte 1): modem 3G no Linux.

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