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terça-feira, 13 de abril de 2010

Software público e a base comum de produção


A base comum de produção deve ser um ambiente público ou coletivo, onde a convivência seja saudável para a formação de um ecossistema de produção colaborativo.

Em 2009 defendi uma relação entre o conceito do Software Público e o fenômeno da Cauda Longa desenvolvido por Chris Anderson[1]. Embora tenha explorado no artigo somente a vertente do prolongamento do tempo de vida das soluções informatizadas e dos negócios, foi possível notar o alinhamento que existe entre o software público e as premissas da economia dos bens intangíveis.

Um segundo alinhamento do software público pode ser verificado com o conceito de Base Comum de Produção difundido pelo livro Wikinomics. Os autores definem essa base comum como "uma infraestrutura compartilhada de regras, instituições, conhecimentos, padrões e tecnologias fornecidas por uma mistura de iniciativas dos setores público e privado"[2].

A base comum de produção é o espaço propício para superar mais dois desafios da produção colaborativa em rede: (i) Criar igualdade de condições entre todos os agentes do mercado; e (ii) Possibilitar que a fase de colaboração estabeleça uma oportunidade criativa equânime e que, em algum momento, ela aconteça antes da competição.

De acordo com os autores do Wikinomics, "mercados dinâmicos repousam sobre robustas bases comuns". Ou seja, a base comum é uma plataforma de produção que pertence à coletividade, onde a universalização é um princípio essencial para que exista uma noção de pertencimento social. Entretanto, ela também precisa ser convincente, sólida e sustentável, pois são estes os elementos que potencializam os mercados dinâmicos.

A base comum de produção deve ser um ambiente público ou coletivo, onde a convivência entre os atores do mercado seja saudável para a formação de um ecossistema de produção colaborativo e exista a garantia de acesso ao resultado do trabalho para todos os agentes de uma determinada comunidade.
Embora seja frequente o uso das expressões adotadas acima - às vezes rotuladas de jargões - a implementação de uma base comum de produção não é simples. Isto pode ser verificado nas definições dos próprios autores do Wikinomics. Dentre os sete modelos de produção em massa, que podem ser considerados pilares para o estabelecimento de uma base comum, constam: as plataformas de participação e o local wiki de trabalho[3].

As plataformas de participação demonstram como "as empresas inteligentes estão abrindo seus produtos e sua infraestrutura tecnológicas para criar um palco aberto, no qual grandes comunidades de parceiros podem agregar valor e, em muitos casos, surgirem novos negócios". O local de trabalho wiki resume a visão de como "a colaboração em massa está criando raízes nos locais de trabalho e como surge uma nova meritocracia empresarial que retira os velhos silos hierárquicos e conecta equipes internas e uma miríade de redes externas".

Produção colaborativa

Tais pilares de produção colaborativa, entretanto, ainda estão longe de serem a regra. A mudança de mentalidade não é simples - grande parte dos empresários e empreendedores foram educados para competirem com a clara intenção de superar de qualquer forma o concorrente, inclusive incorporando práticas da estratégia militar em suas organizações.

Para a produção colaborativa ser sustentada é necessário modificar a visão de "combate" existente no mercado, superando a postura de somente "capturar" recursos dos concorrentes para a de "oferecer" alguns recursos próprios de forma compartilhada.

Taylor e LaBarre, no livro Inovadores em Ação, ensinam que "a lógica da competição evoluiu do universo da imitação de produtos contra produtos para o fervor revolucionário de modelos de negócios contra modelos de negócios. Situação verificada, por exemplo, no embate entre o software proprietário e o livre.

Um nicho da tecnologia da informação que tem empregado com frequência tanto plataformas de participação quanto local wiki de trabalho são as comunidades de software livre. Entretanto, dos inúmeros projetos que surgem, poucos são líderes de mercado e muitos são extintos rapidamente. O foco original nestas comunidades é o código-fonte e, em geral, as plataformas de participação que as sustentam são oferecidas gratuitamente por empresas privadas ou por voluntários que arcam com despesas de hospedagem e manutenção do ambiente.

No modelo do software público além do código-fonte, também são agregados outros componentes importantes, tais como: rede de prestadores de serviço, comunidade de colaboradores e grupos de interesse - os quais, juntos, impulsionam o uso e a evolução do software. Nesse caso, entende-se que o software público não é um software somente do governo, mas sim aquele que oferece um conjunto de direitos ao cidadão, devendo estar à sua disposição todos os artefatos para produção, uso e distribuição de uma solução.

O Portal do Software Público Brasileiro busca formatar um ambiente público que permite a universalização de todos os artefatos e não somente o código, auxiliando na sustentabilidade de softwares de licenciamento livre e na igualdade de oportunidades para o mercado privado.

Uma das premissas da base comum de produção aponta para a construção de regras coletivas e transparentes no locus produtivo. No Portal do SPB, a gerência da base comum é coordenada pelos líderes de comunidades de cada software e pelos representantes das áreas temáticas. Desta forma, é garantida a construção coletiva do ambiente público e a confluência de interesses.

Por Corinto Meffe - gerente de inovações tecnológicas da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Fonte Computerworld

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